domingo, 15 de fevereiro de 2015

Caderno de lembranças da amiga Ana Maria Cunha, em 13/12/1972

Ana Maria,

Engraçado! Um dia, quando menos esperávamos, nos encontramos. Éramos crianças apenas, e, como tais, ficamos alegres pela conquista de mais um amigo. Cruzamo-nos frente à vida como se tudo tivesse sido preparado, minuciosamente, pelo destino. O destino que nos separa, o mesmo que nos uniu! Jamais pensei que a alegria de nosso encontro fosse o prenúncio do nosso adeus!

Dada a efemeridade da vida, infelizmente, temos de admitir que se foram os tempos de nossa infância. Foram-se os sorrisos despreocupados dos meninos que se encontraram há anos atrás, e, hoje, jovens à busca do destino, despedimo-nos como se jamais fôssemos nos encontrar de novo! Talvez nos encontremos um dia, quem sabe? No entanto, nossos destinos e aspirações serão diversos e não daremos um ao outro mais que um sorriso!

Já há algum tempo nos despedimos da infância; hoje, porém, despeço-me de uma amiga, o que é mais penoso.

Só espero que não nos deixemos levar, inteiramente, pela rudeza da vida e sobre um pouco de sensibilidade em nossos corações para nosso futuro encontro, quando, homem e mulher, bem longe da menina e do menino que fomos, cruzarmo-nos de novo, frente à vida!

Adeus, ou, até um dia!

João Martins da Silva
13/12/72
Jerusalém

Redigitado no dia 15/02/2015, quando eu e Ana nos encontramos durante a comemoração dos 50 anos do casamento do casal Joãozinho, seu irmão, e Felícia.